Música: José dos Santos Barreto
Nasce o Sol a 2 de julho,
Brilha mais que no primeiro,
É sinal que neste dia
Até o Sol é brasileiro.
Estribilho
Nunca mais o despotismo,
Regerá nossas ações,
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações.
Cresce, oh! filho de minh’alma
Para a Pátria defender,
O Brasil já tem jurado
Independência ou Morrer.
Salve oh! rei das campinas
De Cabrito e Pirajá
Nossa Pátria, hoje livre,
Dos tiranos não será.
2 DE JULHO: DATA NACIONAL
Paulo Costa Lima - De Salvador (BA)O Brasil pouco sabe sobre o '2 de Julho' e bem que deveria saber. O que aconteceu na Bahia no dia 2 de Julho de 1823 foi decisivo para todos os brasileiros.
Foi quando o Exército Libertador, tendo à frente o Batalhão do Imperador entrou finalmente na cidade que havia sido sitiada durante meses, sendo recebido com flores e homenagens pela população. Os portugueses, cerca de 4.500 homens, haviam abandonado a cidade poucas horas antes, por mar.
Durante muitas décadas firmou-se o entendimento errôneo de que a data representava a 'Independência da Bahia'. Ledo engano. O correto é celebrar a Independência do Brasil na Bahia. Existe neste momento uma proposta em andamento no Congresso Nacional (de autoria da Deputada Alice Portugal, PCdoB-Ba) para a aprovação do '2 de Julho' como data nacional. Nada mais justo!
Basta lembrar que o exército dessa guerra, cerca de 10.000 homens, era composto por soldados vindos de muitas províncias - do Ceará e de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Sergipe, mas também fluminenses, mineiros e paulistas, além dos baianos, é claro, muitos deles filhos da África.
Na verdade, trata-se do nascimento do Exército brasileiro - um fato também pouco celebrado - e do batismo de fogo do seu patrono, o futuro Duque de Caxias.
A cena do 7 de setembro só adquire sua plenitude de sentido com a bravura popular que foi demonstrada na Bahia. Um exército inicialmente comandado por um francês, Labatut, mas que chega ao final do conflito sob as ordens de um brasileiro, Lima e Silva.
O '2 de Julho' é um novelo de narrativas. No plano de fundo, a "narrativa histórica", ou seja, os eventos memoráveis da entrada do Exército Libertador em Salvador no dia 2 de Julho de 1823, que por sua vez se inserem no processo mais amplo da guerra propriamente dita e de seus antecedentes.
Em torno desse núcleo vão se enovelando 185 anos de festividades de rememoração e de interação criativa com esses eventos originais e seus símbolos. E aí entra em cena uma outra dimensão da festa, a rica apropriação que dela fez o povo da Bahia, construindo uma espécie de civismo caboclo.
Fôssemos mais próximos de Hollywood e já teríamos inúmeros filmes projetando mundialmente a temática. Onde encontrar episódios mais marcantes? Uma mártir religiosa (Joana Angélica), batalhões voluntários, escravos lutando por liberdade, uma sertaneja que vira soldado, batalhas navais e campais...
Essa sertaneja que vira soldado - a ilustre Maria Quitéria de Jesus - está a pedir urgente uma mini-série nacional. Uma mulher, entre 25 e 30 anos que viaja cerca de oitenta quilômetros para se alistar, vestida com as roupas do cunhado, de quem se apropria do nome, passando a ser chamada de soldado Medeiros. Aparentemente casa durante o conflito e o marido morre.
Recebe menção explícita de bravura do General Lima e Silva e após a guerra vai ao Rio de Janeiro para ser condecorada por D. Pedro I. Lá no Rio chama a atenção da historiadora Maria Graham, amiga de Leopoldina, que a descreve como uma mulher feminina, sem nada "que desabone sua moral". Sabemos também através desta autora que Maria Quitéria se alimentava de forma comedida, ovos e peixe, e que também enrolava um cigarro de palha após as refeições. Vai ser um sucesso a mini-série!
Paulo Costa Lima é compositor. Pesquisador pelo CNPq. Professor de composição da Universidade Federal da Bahia. http://www.paulolima.ufba.br/
JOÃO DAS BOTAS
Destacou-se como um dos principais responsáveis pela defesa naval da ilha de Itaparica diante das tropas portuguesas sob o comando do Governador das Armas da Bahia, Inácio Luís Madeira de Melo.
A sua bravura e vitórias conquistadas culminaram com o 2 de Julho de 1823, alçando-o à condição de herói nacional. Juntamente com o almirante britânico Lorde Thomas Cochrane, primeiro comandante da esquadra brasileira, é um dos heróis da Marinha Brasileira. Em sua homenagem realiza-se anualmente, em Salvador, um evento náutico, a Regata João das Botas.
João das Botas
Contra tal poder, levantaram-se os patriotas baianos. A reação, aos poucos, se organizou, alastrando-se por toda a província. Em pouco tempo, os portugueses estavam praticamente confinados a Salvador e seus arredores, mesmo possuindo a superioridade no mar.
O resultado do conflito dependia do domínio da Baía de Todos os Santos e do conseqüente controle do abastecimento e das comunicações entre as vilas confederadas. Os compatriotas perceberam que os sucessos no mar demandavam forças ofensivas.
Em tal contexto, surgiu a Flotilha Itaparicana, assim chamada pelos seus contemporâneos. Foi escolhido para o seu comando, o Segundo-Tenente da Armada Nacional e Imperial João Francisco de Oliveira Botas, conhecido como João das Botas, que recebeu ordem de seguir para a base em Itaparica, onde deveria armar barcos com canhões nas proas e popas.
Nascido entre 1776 e 1778, João das Botas era português de nascimento. Começou sua carreira como Contra-Mestre do cais do Arsenal de Marinha, em 1809. Seis anos depois, começou a desempenhar o cargo de Ajudante de Patrão-Mor do citado Arsenal, cargo que lhe foi dado devido ao seu conhecimento e a sua inteligência.
A partir de 1817, o movimento de emancipação se acentua e João das Botas participa e conspira para depor a Junta Provisória que governava a Bahia, resultando numa tentativa frustrada. Em função deste episódio, João das Botas foi preso e deportado para Lisboa. Anistiado, regressa à Bahia em 1822.
Durante as lutas da Independência, recebeu o comando da flotilha de Itaparica, que começou improvisada e foi aumentando ao longo da campanha, alcançando um efetivo de quase 800 homens. A flotilha era composta apenas de canhoneiras e saveiros, provenientes das cidades do
recôncavo baiano, que tinha como base a Ilha de Itaparica.
Quando Madeira de Mello, cercado por terra e pressionado no mar por Cochrane (primeiro almirante da Marinha Imperial Brasileira) e por João das Botas, abandonou o Brasil rumo a Portugal, a caça aos navios lusos foi iniciada, ainda em águas da Bahia de Todos os Santos, pela
Flotilha Itaparicana.
Sua bravura e batalhas conquistadas durante as lutas contra a esquadra portuguesa, na Baía de Todos os Santos, que culminaram com o 2 de Julho, o elevaram a herói da Independência da Bahia.
FONTES & LINKS
I Bahia - 2 de Julho
Infocultural - Hino ao 2 de Julho
Wikipedia - João das Botas
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